quarta-feira, fevereiro 09, 2011

Rescue 24

São 21:30 de sexta-feira… o jantar ainda está na mesa quando o telefone toca… não fosse a Sofia estar de Alerta bem que não atendíamos… passamos tão pouco tempo juntos que a vontade de desligar de tudo o resto é mais que muita.
Na quinta tinha eu estado de Alerta e hoje era o meu dia de folga (meio)… a Sofia numa escala de dois não se pode dar a esses “luxos”.
Mas voltemos ao telefone que toca – hummm… não conheço este número - disse ela! Bastaram 5 segundos após o início da chamada para eu perceber pela cara dela que os planos do fim de semana iam sofrer alterações… alterações ao plano… o standard!!!
- Então? – Perguntei eu!
- Acompanhamento do EH… vão buscar um tipo com as duas pernas partidas a um mercante! – Respondeu e completou – Tenho pre-fligfht às 4 da manhã!
- Ok… eu vou-te levar e espero por lá. – E assim foi!
O resto da história é para ser contada pelos instantâneos que aqui deixo… o “Rescue 24” no negro da noite a ser cuidadosamente preparado pela sua tripulação… o regresso ao “covil” após 10H15 de voo!

(a reflexão…)

Pagamos bem caro este “privilégio” de servirmos o nosso país! Quando digo caro não me refiro aos 17€ de portagens e mais outro tanto de gasóleo daquela viagem tardia.
O nosso trabalho não tem preço e por muito que “senhores” de gravata considerem que mesmo assim ganho demais, o facto de me pagarem menos só vem legitimar a minha posição… isto do serviço à Pátria com os sacrifícios que envolve não é para todos!
É uma vocação que dinheiro nenhum no mundo recompensa; favor nenhum compra as competências necessárias para o desempenho das missões que tal serviço encerra.
Resumindo e repetindo-me, não está ao alcance de todos e é por isso que temos falta de pessoal nas fileiras.
Em 1974 o meu Tio Zé Jaime foi mais uns Camaradas a Sete Rios abrir umas portas a pontapé e dar umas “cronhadas” de G-3 na cabeça dos então “donos” do regime.
As gentes daquele tempo, rudes mas orgulhosas, deram lugar a uma forma substantiva sem género definido… sem ideias… sem ideais… politizados… amansados.
Resta-me o consolo de saber que vamos ter umas “gandas” histórias para contar aos nossos filhos e de EU ainda saber que obediência não é subserviência!